João Thomás da Fonseca (pai) , ao centro, com o seu bigode de ponta retorçida, como era moda na época, e indumentaria em conformidade sua posição de industrial privilegiado e bem sucedido. 1920?
João Thomás da Fonseca (pai), ao lado de sua esposa, Celeste Sena, filha de Sebastião Sena. Entre ambos, a filha Celeste por volta de 1914

João Thomás da Fonseca (pai), ao lado de sua esposa, Celeste Sena, filha de Sebastião Sena. Entre ambos, a filha Celeste por volta de 1914
Foto: João Thomás da Fonseca (pai) com um grupo de convidados entre os quais alguns oficiais da Marinha, a caminho do Mocuio onde possuia uma pescaria. Foto tirada em 1914/15? Não sei se terá algo a ver com esta foto onde podemos ver alguns oficiais da Marinha, mas em 1914, o receio de uma ofensiva por destacamentos alemães sobre o planalto vinda do Sudoeste, e sobre Moçâmedes e de Porto Alexandre agitou sensibilidades e pôs a região em polvorosa. Em consequência, Moçâmedes transformou-se num importante factor de defesa no quadro das operações terrestres realizadas no Sul de Angola, tendo o seu porto desempenhado um importante papel no decurso da movimentação de forças militares portuguesas e contra alemães e indígenas insubmissos, como porto de desembarque e de evacuação, e estação depósito.
É interessante notar que as senhoras estão sentadas sobre caixotes, e que naquele tempo cada um deles acondicionava 2 latas de 20 lts de gasolina, neste caso, da marca Sphinx. Isso acontecia porque naquele tempo não havia estações de serviço e a gasolina vinha em latas, havendo ainda publicidade desta marca de gasolina na Serra da Chela, tempos mais tarde.
Conforme vem descrito por Luiz Chinguar em "Ossos da colonização", "...até meados da década de 50 obtinha-se gasolina comprando latas (20 litros) ou tambores (200 litros), que depois se transportavam nas viagens, uma vez que nos “bicanjos” não havia bombas para abastecimento. Nas povoações do mato havia umas bombas manuais oferecidas pelos produtores de petróleo do Texas. Estas bombas eram constituídas por um carrinho, de duas rodas, que fazia lembrar as quadrigas romanas, só que em vez do Ben Hur (condutor) estava um tambor de 200 litros. A quadriga tinha uma “torre” de 2,5 m de altura que terminava em dois reservatórios de 5 litros, para onde era elevada a gasolina através de uma bomba manual de êmbolo, num sistema de vai-vem. Enquanto se esvaziava um reservatório para o carro, por gravidade, bombeava-se a gasolina para o outro reservatório, e assim sucessivamente, em golfadas de 5 litros. As latas e os tambores vazios eram depois aproveitadas para transporte de água. Uma água que, durante uns tempos, tinha um leve travo a gasolina, isto para não dizer que cheirava e sabia a gasolina" . Africa era assim! ver OS ESQUELETOS NOS ARMÁRIOS
É interessante notar que as senhoras estão sentadas sobre caixotes, e que naquele tempo cada um deles acondicionava 2 latas de 20 lts de gasolina, neste caso, da marca Sphinx. Isso acontecia porque naquele tempo não havia estações de serviço e a gasolina vinha em latas, havendo ainda publicidade desta marca de gasolina na Serra da Chela, tempos mais tarde.
Conforme vem descrito por Luiz Chinguar em "Ossos da colonização", "...até meados da década de 50 obtinha-se gasolina comprando latas (20 litros) ou tambores (200 litros), que depois se transportavam nas viagens, uma vez que nos “bicanjos” não havia bombas para abastecimento. Nas povoações do mato havia umas bombas manuais oferecidas pelos produtores de petróleo do Texas. Estas bombas eram constituídas por um carrinho, de duas rodas, que fazia lembrar as quadrigas romanas, só que em vez do Ben Hur (condutor) estava um tambor de 200 litros. A quadriga tinha uma “torre” de 2,5 m de altura que terminava em dois reservatórios de 5 litros, para onde era elevada a gasolina através de uma bomba manual de êmbolo, num sistema de vai-vem. Enquanto se esvaziava um reservatório para o carro, por gravidade, bombeava-se a gasolina para o outro reservatório, e assim sucessivamente, em golfadas de 5 litros. As latas e os tambores vazios eram depois aproveitadas para transporte de água. Uma água que, durante uns tempos, tinha um leve travo a gasolina, isto para não dizer que cheirava e sabia a gasolina" . Africa era assim! ver OS ESQUELETOS NOS ARMÁRIOS
A pescaria do Mocuio nos seus tempos áureos
As instalações da pescaria do Mocuio. Junto das tarimbas de peixe seco: João Tomás da Fonseca (filho), ao centro, e à dt., Faria, o encarregado da pescaria, pessoa muito estimada que ali trabalhou durante 50 anos. 1942?
Tudo começou quando João Tomás da Fonseca (pai), algarvio de Tavira, conhecido pelo "Bandeirinha", nos tempos críticos que antecederam a implantação da lª República (1910-1926), resolveu emigrar para Angola, onde foi por algum tempo contramestre de caíque que operava por toda a costa, até que um dia resolveu, com as facilidades governamentais obtidas e dinheiro amealhado ao leme de veleiro estabelecer-se no Mocuio, onde montou a sua pescaria, requisitou pessoal indígena, comprou os primeiros barcos à vela e remos, pagou mestres de terra algarvios que mandou vir para a sua pescaria, montou três armações à valenciana, e depressa prosperou e fez-se ganhar respeito e influência no meio industrial limitado da Moçâmedes de então. Quem o conheceu não esquece sua postura, sempre vestido de casaco de bom talhe, paletó, corrente de relógio suiço no bolso suiço, autêntico retrato de burguês bem de vida!
Segundo informações colhidas do livro "Baía dos Tigres", o Mocuio era uma importante pescaria que nos seus tempos aureos (a industria piscatória tinha os seus altos e baixos) possuia salinas, fábrica de conservas e de farinha e óleos de peixe, salga e seca, uma pequena congelação e estaleiro, para além de uma traineira de 80 toneladas, 2 sacadas só para a pesca do cachucho e da garoupa e 2 armações, que, para funcionarem precisavam no mínino de 4 barcos para efectuar a pesca à valenciana, e possuia também mais de 20 embarcações pequenas, para além de um Chalé do princípio situado num pequena elevação do terreno, o suficiente para qualquer pessoa ali instalada pudesse contemplar o oceano, os barcos que entravam e saiam, a azáfama que percorria a pescaria.
A pescaria do Mocuio foi evoluindo, e João Tomás da Fonseca (pai) rodeou-se de todo o conforto possível, e mandou construir naquela praia deserta perdida nas escarpas do deserto, o seu bonito Chalet onde nada faltava em termos de conforto, inclusivamente um sistema de aquecimento e de canalização de água, um mirante a partir do qual podia, sentado de fronte para o oceano, observar os galeões que entravam e saiam, para receberem a carga que transportavam para o norte de Angola (Cabinda), Ponta Negra, Gabão e Golfo da Guiné, levando dali o que havia (ovas, peixe seco, barbatanas de tubarão), e recebendo a troco de bordão, madeiras, etc, enquanto ao mesmo tempo ia observando, lá de longe, a azáfama da laboração pesqueira.

Fotos: Estas as mais recentes fotos do Mocuio, onde se pode ver ainda, 35 anos
depois, sobressaindo entre as areias douradas do deserto e as
tonalidades várias de azul do mar e do céu, aquela que foi até 1975, a
pescaria de João Thomás da Fonseca (Herds), e o seu chalet cor-de-rosa,
que mais de perto podemos ver na última foto, já em estado de
degradação.
Mocuio, outrora uma progressiva pescaria, hoje um destino para turistas?
Fotos publicadas no Facebook por João Thomás da Fonseca (neto).
Fotos publicadas no Facebook por João Thomás da Fonseca (neto).