Hospital D Amélia de Moçâmedes. Este foi o 2º Hospital de Moçâmedes, sito na Avenida Felner, que foi demolido no início da década de 1960
Mandaram-me estas memórias de um moçamedense, hoje octogenário, que publico a seguir:
MEMÓRIAS COM HISTÓRIAS
-OS NOSSOS ENFERMEIROS-
Ao tempo, a Torre do Tombo conheceu dois enfermeiros. Primeiro, o Coelho e mais tarde, o Franco.
O Coelho era " o terror" das crianças. Desde miúdo que nos habituamos a
temer a sua presença. O paludismo era atacado com as dolorosas injecções
de quinino aplicadas pelo Coelho, nem sempre da forma mais
correcta. Muitas crianças ficavam para sempre marcadas com as injecções
agravadas nos seus rabinhos. A "marca do Zorro" como se dizia. Nunca
mais dele se esqueceriam.
Ao que constava o Coelho era muito
amigo da aguardente. Nem sempre estaria nas melhores condições e as
consequências ficavam à vista. No caso do autor, ficamos para sempre com
problemas na perna esquerda, o que viria a condicionar a nossa
actividade desportiva futura .Na época,teve de ir a Luanda fazer
choques eléctricos para poder recuperar a força na perna esquerda.
Minha mãe dizia que quando entrava em casa sentia o meu pé a arrastar-se
pelo corredor. E tanto quanto sei,à época o Coelho nunca foi chamado à
responsabilidade.
Mais tarde, surgiu um novo enfermeiro - o
Franco, negro. Trabalhava no Grémio da Pesca e vivia numa casa na Torre
do Tombo, com a mulher e duas filhas.Dedicado profissional, rapidamente
granjeou simpatias e foi substituindo o nefasto Coelho.
Era o
Franco que tratava dos nosso furúnculos e das feridas que sofríamos nas
nossas brincadeiras e jogos de futebol. Infelizmente, vieram ambos a
sofrer idêntico percalço.
Na época, a bicicleta era o meio de
transporte mais usado.Surgiram entretanto as motorizadas e naturalmente
os dois enfermeiros aderiram à moda e adquiriram motorizadas para
facilitar as suas deslocações em serviço.Por razões que desconhecemos, a
não ser a velocidade na condução das motorizadas, ambos tiverem
acidentes idênticos, resultantes de choques com automóveis em
cruzamentos. Acidentes esses que lhes afectou a vida profissional. Ambos
tiveram de passar a usar próteses nas pernas para toda vida, o que o enfermeiro Franco de todo não o merecia.
Repórter ASA (ass)
Repórter ASA (ass)